sexta-feira, 13 de março de 2009

CRUEL - Cia. de Dança Deboah Colker


Uma das marcas de Deborah Colker é a permanente inquietação, transformando em movimento temas que vão dos mais banais e cotidianos aos mais inusitados, aliando todo seu histórico de vida e as diversas experiências que foi acumulando na sua carreira: dos bancos do curso de Psicologia aos campos de vôlei, passando pelas aulas de piano.

Futebol, fetiches, erotismo, esportes, amores, a vida doméstica... A coreógrafa é capaz de perceber e ampliar o cotidiano comum dos homens e arrancar dele a matéria-prima de sua arte, recriando-o em dimensão e dança.
Oriunda do "Coringa" - grupo de dança que marcou época nos anos 80 no cenário carioca, dirigido por Graciela Figueroa - Deborah Colker parece não perceber os limites do corpo nem do alcance de sua atuação. Inovou também no teatro, onde deu assessoria a diversos espetáculos ao lado de atores e diretores consagrados, numa função que hoje é recorrente nas produções: a direção de movimentos. Já coreografou comissão de frente de escola de samba (Mangueira), clipes e shows de estrelas da música (Fernanda Abreu foi sua pupila fiel) e hoje ensaia o próximo espetáculo da trupe canadense do Cirque du Soleil - uma das maiores franquias mundiais de entretenimento, sendo a primeiro mulher dirigir um espetáculo do grupo.

Suas coreografias deram um novo fôlego ao panorama da dança contemporânea e sua excelência em termos de mídi
a e produção atraíram a atenção de um novo público, muito embora ela não escape das críticas dos mais conservadores que lhe torcem o nariz, considerando o seu trabalho mais próximo do de uma técnica de futebol (ou de vôlei) do que propriamente de uma coreógrafa! O fato é que o público, distante dos debates academicistas, acompanha sempre as temporadas da Companhia Deborah Colker com a obsessão de fiéis, fazendo de suas apresentações, um sucesso de bilheteria.

O Teatro João C
aetano - palco habitual de suas produções - volta a abrigar um título da Companhia: "Cruel" volta ao Rio de Janeiro, depois de uma turnê por 15 cidades e uma curta temporada no Theatro Municipal. Dessa vez, o público poderá conferir o nono trabalho do grupo em uma temporada a preços populares, que promete lotar os 1.127 lugares da casa.

Segundo a coreógrafa, "Cruel" contrapõe os desejos às limitações do ser humano. A inevitabilidade do desejo frente à sua impossibilidade de concretização, é traduzida por ela como uma crueldade da condição humana! E a partir disso, o espetáculo (composto por dois atos) desfila sobre as pequenas crueldades do cot
idiano.

O cenário de Gringo Cardia e a luz de Jorginho de Carvalho - uma espécie de sócios e tradutores visuais inseparáveis de Deborah, desde os primeiros voos - aliados aos figurinos de Samuel Cirnansk e à trilha sonora de Berna Ceppas, completam o tom ora denso, ora leve do espetáculo, que passeia entre o lúdico e o trágico, dividido entre um baile (no primeiro ato) e um jogo de espelhos móveis, onde as formas são recriadas e a realidade redesenhada aos olhos do es
pectador.

"Cruel"
Teatro João Caetano - Praça Tiradentes, s/n. Tel: 2332-9257 Quinta a sábado - 21h / Domingo - 18h R$ 20 (Plateia e Balcão Nobre) e R$ 10 (Balcão Simples) Estudantes e idosos, com comprovante, pagam meia entrada ESTREIA: 13 de março (sexta) - 21h Ingressos na Internet: www.ingresso.com